Essa semana mais um caso de violência na Zona Sul da cidade chocou a população e comoveu a opinião pública. A todo momento manchetes na tv e nos jornais falam sobre o caso do ciclista esfaqueado pelos menores na Lagoa Rodrigo de Freitas. A timeline do meu facebook não para: uns defendendo a redução da maioridade penal de um lado, outros comparando o crime a tantos outros que acontecem na cidade e não são veiculados com tanta veemência nos meios de comunicação, cada um bradando A VERDADE, a sua verdade.
Me peguei pensando sobre a vida e sua brevidade, sobre o acaso e as fatalidades, o destino e tantas coisas do tipo... Precisamos viver, fazer o bem, amar ao próximo como a nós mesmos e esse último é tão difícil de se colocar em prática na hora da tragédia. Num momento estamos aqui, em outro não estamos mais, e o que fizemos nesse intervalo?
Me peguei pensando nesse falatório todo. Logo, logo todos esquecem, até que o próximo "cidadão de bem" seja brutalmente assassinado, por hora, todos estão indignados. Mas o que podemos efetivamente fazer por um mundo melhor, menos violento, menos radical. Parece que estamos de pés e mãos atados, reféns de políticas, filosofias, padrões que se repetem, discursos que só mudam de lado mas no fim dão no mesmo, infindáveis discussões que a nada levam nas redes sociais, nas filas e salas de espera. Rodando e rodando...
Me peguei pensando na cidade partida, nos dois Rios de Janeiro que amo e vivo. A cidade onde os crimes da Zona Sul são resolvidos rapidamente e os do subúrbio nem são conhecidos. Onde todos, independente da região que moram, tem a sensação de ser reféns da criminalidade, da saidinha de banco, do sequestro relâmpago, do roubo de celulares, dos arrastões nas praias, das facadas, ou qual seja a "violência da moda". Dividida entre "coxinhas" e "esquerda caviar", onde todos julgam o outro como alienado. Onde o estão os pontos turísticos, as belezas naturais, o cartão postal, mas também estão as favelas (não só os morros pra turista ver), o descaso com a educação, com a saúde, o transporte. A cidade que tem o gingado brasileiro representado no exterior por suas calçadas de ondas, sua Garota, suas novelas, seu sotaque goxxtoso, sua música, mas no dia a dia a educação fica a desejar quando seus habitantes ouvem música sem fone nos meios de transporte, joga lixo no chão, fura fila, finge que está dormindo no assento preferencial, dá carteirada e suborna tudo e todos.
Me peguei pensando que esse texto está confuso, cheio de pontas soltas, vários assuntos, vários anseios e nenhuma conclusão. Mas a vida é assim mesmo... caótica, confusa, muitas vezes não temos solução para os nossos problemas, para as mazelas da sociedade, mas temos que continuar vivendo da melhor maneira.
Me peguei pensando que seja onde eu estiver só quero paz. Paz na rua, no bairro, no facebook, na cidade, paz com o próximo e comigo mesma. Poder andar sem medo na rua seja de manhã ou de noite, discutir sadiamente com as pessoas sem precisar "desfazer a amizade", ter serviço público de qualidade, acesso a informação, cultura e lazer. Estranho que ao desejar essas coisas parece que estou desejando o inatingível, o impossível, um sonho! Mas é só o básico.